Inteligência Artificial: Benefícios para a Advocacia e seus Clientes


Autor: Gustavo Abrão Iunes / Data: 7 de novembro de 2023
Com o avanço da tecnologia, a profissão jurídica se deparou com o desafio de conhecer e utilizar a inteligência artificial - IA (chatbots) para incrementar sua eficiência, qualificando ainda mais a prestação dos serviços advocatícios.

Esse modelo de linguagem natural, baseado na inteligência artificial, tem por finalidade calcular a possibilidade de uma sequência de palavras em um idioma específico, considerando o contexto das palavras anteriores permitindo que o modelo compreenda e gere um texto coerente, pretendendo fornecer assistência interativa para as necessidades cotidianas da humanidade, de forma segura e benéfica.

No campo jurídico, através desse instrumento revolucionário, busca-se proporcionar considerável aumento na produtividade das atividades desenvolvidas, com automação da análise jurídica e simplificação dos fluxos de trabalho, de modo a se alcançar melhores resultados e, consequentemente, maior satisfação dos clientes. No entanto, é importante ressaltar que, devido à complexidade do campo jurídico e à necessidade de análise detalhada dos casos, a supervisão e a revisão humana são essenciais para garantir a precisão e o cumprimento das normas legais, existindo ainda as limitações e possíveis imprecisões das respostas geradas pelo modelo.

Em outras palavras, o funcionamento do programa se baseia na coleta de informações textuais extraídas da internet, sendo fornecidas por humanos, com a intenção de produzir respostas satisfatórias aos usuários, podendo ainda gerar conteúdo oral de conversação. Por se tratar de ferramenta ainda em fase de contínua pesquisa e constante aprimoramento (aprendizado contínuo), há o risco de seu formato atual poder veicular fake news, desinformação, vírus, reproduzir também comentários preconceituosos e/ou plagiados, portanto, carecendo da devida regulação pelos órgãos competentes.

Basicamente, na prática, esse chatbot que interage com os usuários, detém a capacidade de entender o significado de textos e documentos jurídicos com maior exatidão e rapidez do que advogados humanos, melhorando sensivelmente a eficiência das práticas jurídicas, permitindo assim que os advogados concentrem esforços em casos estratégicos e tomadas de decisão, ao invés da revisão individual de peças que, comumente, demanda horas de trabalho.

Tal inteligência artificial ainda auxilia a classe advocatícia na produção de relatórios e elaboração de documentos, em consonância com o ordenamento jurídico vigente, além de, com celeridade, resumir textos jurídicos mais complexos, reduzindo drasticamente o tempo gasto pelo profissional do direito para desempenhar as tarefas corriqueiras do dia a dia. Facilita também o acesso dos advogados às necessidades dos clientes, já que pode criar assessoria e consultoria jurídica personalizadas, seguindo o perfil e o nicho de atuação individualizado, de igual modo, melhor representando seus interesses perante todas as esferas do Poder Judiciário.


Ademais, este modelo super tecnológico pode beneficiar a profissão jurídica de outras formas, incluindo o fornecimento de uma plataforma na qual os dados/informações possam ser compartilhados, com segurança e facilidade, entre advogados e clientes, eliminando a necessidade de os escritórios de advocacia gastarem tempo e dinheiro em coletas e transferências manuais, também minimizando o risco de extravio ou arquivamento incorreto de documentos jurídicos relevantes.

Adicionalmente, a interface é considerada intuitiva e amigável, o que torna sua utilização mais simples e veloz, ao mesmo tempo, simplificando o procedimento de aconselhamento jurídico, sem burocracia, acabando por beneficiar os clientes.

Em suma, as sugestões de comando (prompts) da machine learning, instantaneamente, podem trazer como resultado, em benefício dos clientes: análise de decisões judiciais, definindo padrões de entendimento de juízes e tribunais; produção de parecer e opiniões legais/jurídicas; surgimento de teses jurídicas e redação de petições/recursos em processos administrativos e judiciais; pesquisas de doutrinas e precedentes jurisprudenciais especializados por temas/assuntos a partir de palavras-chaves ou pequenas frases; avaliação da probabilidade de perda processual (remota, possível ou provável) com base em dados históricos e estatísticas, direcionando a tomada de decisões e definição das melhores estratégias; cálculo de indenizações; tradução de documentos jurídicos, facilitando a comunicação entre profissionais e clientes de diferentes países; dentre outras funcionalidades.

Contudo, como já reportado acima, mesmo com o abastecimento do sistema com todas as informações importantes, faz-se de rigor a detalhada revisão das respostas recebidas por um advogado com expertise e conhecimento necessários, para que possa com sapiência e a máxima segurança utilizá-las em determinado caso concreto, visando garantir que os resultados apresentados sejam precisos e adequados ao contexto específico envolvido.

Diante do exposto, fica evidente que o avanço da tecnologia, em especial no campo da inteligência artificial, tem trazido significativos benefícios para a profissão jurídica, inclusive com a capacidade de elevar, exponencialmente, a produtividade do trabalho, permitindo-se aprimorar a eficiência e qualidade dos serviços advocatícios, proporcionando uma prestação mais ágil, precisa e satisfatória aos clientes.

Por fim, esse sistema de aprendizado inteligente deve ser usado como uma ferramenta complementar (e não substitutiva), que aliada ao conhecimento humano, potencializa a eficiência e confiabilidade dos serviços jurídicos, sempre respeitando-se os princípios éticos e a lei geral de proteção de dados pessoais (LGPD).

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